terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 23 de abril de 2010

sou do minho!

O NORTE


Primeiro, as verdades.

O Norte é mais Português que Portugal.

As minhotas são as raparigas mais bonitas do País.

O Minho é a nossa província mais estragada e continua a ser a mais bela.

As festas da Nossa Senhora da Agonia são as maiores e mais impressionantes que já se viram.

Viana do Castelo é uma cidade clara. Não esconde nada. Não há uma Viana

secreta. Não há outra Viana do lado de lá. Em Viana do Castelo está tudo à vista.

A luz mostra tudo o que há para ver. É uma cidade verde-branca.

Verde-rio e verde-mar, mas branca.

Em Agosto até o verde mais escuro, que se vê nas árvores antigas do Monte de Santa Luzia, parece tornar-se branco ao olhar.

Até o granito das casas.Mais verdades.

No Norte a comida é melhor.

O vinho é melhor.O serviço é melhor. Os preços são mais baixos.

Não é difícil entrar ao calhas numa taberna, comer muito bem e pagar uma ninharia.Estas são as verdades do Norte de Portugal.

Mas há uma verdade maior.

É que só o Norte existe.

O Sul não existe.

As partes mais bonitas de Portugal, o Alentejo, os Açores, a Madeira, Lisboa, et caetera, existem sozinhas.

O Sul é solto. Não se junta.

Não se diz que se é do Sul como se diz que se é do Norte.

No Norte dizem-se e orgulham-se de se dizer nortenhos.

Quem é que se identifica como sulista?

No Norte, as pessoas falam mais no Norte do que todos os portugueses juntos falam de Portugal inteiro.

Os nortenhos não falam do Norte como se o Norte fosse um segundo país.

Não haja enganos.Não falam do Norte para separá-lo de Portugal.

Falam do Norte apenas para separá-lo do resto de Portugal.

Para um nortenho, há o Norte e há o Resto.

É a soma de um e de outro que constitui Portugal.

Mas o Norte é onde Portugal começa.

Depois do Norte, Portugal limita-se a continuar, a correr por ali abaixo.

Deus nos livre, mas se se perdesse o resto do país e só ficasse o Norte,

Portugal continuaria a existir.

Como país inteiro. Pátria mesmo, por muito pequenina. No Norte.

Em contrapartida, sem o Norte, Portugal seria uma mera região da Europa.

Mais ou menos peninsular, ou insular.

É esta a verdade.

Lisboa é bonita e estranha mas é apenas uma cidade.

O Alentejo é especial mas ibérico, a Madeira é encantadora mas inglesa e os Açores são um caso à parte.

Em qualquer caso, os lisboetas não falam nem no Centro nem no Sul - falam em Lisboa.

Os alentejanos nem sequer falam do Algarve - falam do Alentejo.

As ilhas falam em si mesmas e naquela entidade incompreensível a que chamam, qual hipermercado de mil misturadas, Continente.

No Norte, Portugal tira de si a sua ideia e ganha corpo.

Está muito estragado, mas é um estragado português, semi-arrependido, como quem não quer a coisa.

O Norte cheira a dinheiro e a alecrim.

O asseio não é asséptico - cheira a cunhas, a conhecimentos e a arranjinho.

Tem esse defeito e essa verdade.

Em contrapartida, a conservação fantástica de (algum) Alentejo é impecável, porque os alentejanos são mais frios e conservadores (menos portugueses) nessas coisas.

O Norte é feminino.

O Minho é uma menina.

Tem a doçura agreste, a timidez insolente da mulher portuguesa.

Como um brinco doirado que luz numa orelha pequenina, o Norte dá nas vistas sem se dar por isso.

As raparigas do Norte têm belezas perigosas, olhos verdes-impossíveis, daqueles em que os versos, desde o dia em que nascem, se põem a escrever-se sozinhos.

Têm o ar de quem pertence a si própria.

Andam de mãos nas ancas.

Olham de frente.

Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam.

Confiam, mas não dão confiança.

Olho para as raparigas do meu país e acho-as bonitas e honradas, graciosas sem estarem para brincadeiras, bonitas sem serem belas, erguidas pelo nariz, seguras pelo queixo, aprumadas, mas sem vaidade.

Acho-as verdadeiras. Acredito nelas.

Gosto da vergonha delas, da maneira como coram quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma panela, quando se lhes falta ao respeito.

Gosto das pequeninas, com o cabelo puxado atrás das orelhas, e das velhas, de carrapito perfeito, que têm os olhos endurecidos de quem passou a vida a cuidar dos outros.

Gosto dos brincos, dos sapatos, das saias.

Gosto das burguesas, vestidas à maneira, de braço enlaçado nos homens.

Fazem-me todas medo, na maneira calada como conduzem as cerimónias e os maridos, mas gosto delas.

São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem.

As mulheres do Norte deveriam mandar neste país.

Têm o ar de que sabem o que estão a fazer.

Em Viana, durante as festas, são as senhoras em toda a parte.

Numa procissão, numa barraca de feira, numa taberna, são elas que decidem silenciosamente.

Trabalham três vezes mais que os homens e não lhes dão importância especial.

Só descomposturas, e mimos, e carinhos.

O Norte é a nossa verdade.

Ao princípio irritava-me que todos os nortenhos tivessem tanto orgulho no Norte, porque me parecia que o orgulho era aleatório.

Gostavam do Norte só porque eram do Norte. Assim também eu.

Ansiava por encontrar um nortenho que preferisse Coimbra ou o Algarve, da maneira que eu, lisboeta, prefiro oNorte.

Afinal, Portugal é um caso muito sério e compete a cada português escolher, de cabeça fria e coração quente, os seus pedaços e pormenores.

Depois percebi.

Os nortenhos, antes de nascer, já escolheram. Já nascem escolhidos.

Não escolhem a terra onde nascem, seja Ponte de Lima ou Amarante, e apesar de as defenderem acerrimamente, põem acima dessas terras a terra maior que é o "O Norte".

Defendem o "Norte" em Portugal como os Portugueses haviam de defender Portugal no mundo.

Este sacrifício colectivo, em que cada um adia a sua pertença particular - o nome da sua terrinha - para poder pertencer a uma terra maior, é comovente.

No Porto, dizem que as pessoas de Viana são melhores do que as do Porto.

Em Viana, dizem que as festas de Viana não são tão autênticas como as de Ponte

de Lima. Em Ponte de Lima dizem que a vila de Amarante ainda é mais bonita.

O Norte não tem nome próprio. Se o tem não o diz.

Quem sabe se é mais Minho ou Trás-os- Montes, se é litoral ou interior, português ou galego?

Parece vago. Mas não é. Basta olhar para aquelas caras e para aquelas casas, para as árvores, para os muros, ouvir aquelas vozes, sentir aquelas mãos em cima de nós, com a terra a tremer de tanto tambor e o céu em fogo, para adivinhar.

O nome do Norte é Portugal.

Portugal, como nome de terra, como nome de nós todos, é um nome do Norte. Não é só o nome do Porto. É a maneira que têm e dizer "Portugal" e "Portugueses".

No Norte dizem-no a toda a hora, com a maior das naturalidades.

Sem complexos e sem patrioteirismos. Como se fosse só um nome.

Como "Norte".

Como se fosse assim que chamassem uns pelos outros.

Porque é que não é assim que nos chamamos todos?».



Miguel Esteves Cardoso

domingo, 18 de abril de 2010

o amor não recua

CATARINA EUFÉMIA

O primeiro tema da reflexão grega é a justiça

E eu penso nesse instante em que ficaste exposta

Estavas grávida porém não recuaste

Porque a tua lição é esta: fazer frente



Pois não deste homem por ti

E não ficaste em casa a cozinhar intrigas

Segundo o antiquíssimo método oblíquo das mulheres

Nem usaste de manobra ou de calúnia

E não serviste apenas para chorar os mortos



Tinha chegado o tempo

Em que era preciso que alguém não recuasse

E a terra bebeu um sangue duas vezes puro



Porque eras a mulher e não somente a fêmea

Eras a inocência frontal que não recua

Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro no instante em que morreste

E a busca da justiça continua



Sophia de Mello Breyner Anderson

quinta-feira, 15 de abril de 2010

terça-feira, 13 de abril de 2010

alegria

privatizar

«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»

José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148

quinta-feira, 8 de abril de 2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

poema melancólico a não sei que mulher

Dei-te os dias, as horas e os minutos

Destes anos de vida que passaram;

Nos meus versos ficaram

Imagens que são máscaras anónimas

Do teu rosto proibido;

A fome insatisfeita que senti

Era de ti,

Fome do instinto que não foi ouvido.



Agora retrocedo, leio os versos,

Conto as desilusões no rol do coração,

Recordo o pesadelo dos desejos,

Olho o deserto humano desolado,

E pergunto porquê, por que razão

Nas dunas do teu peito o vento passa

Sem tropeçar na graça

Do mais leve sinal da minha mão...



Miguel Torga, in 'Diário VII'

riscos e decisões

A maior parte dos erros que cometemos não se deve a decisões erradas.

A maior parte dos erros deve-se a indecisões.

Temos que viver com a consequência das nossas decisões.

E isto é arriscar.

Tudo é arriscar.

Rir é correr o risco de parecer um tolo.

Chorar é correr o risco de parecer sentimental.

Abrir-se para alguém é arriscar envolvimento.

Expor sentimentos é arriscar a expor-se a si mesmo.

Expor suas ideias e sonhos é arriscar-se a perdê-los.

Amar é correr o risco de não ser amado.

Viver é correr o risco de morrer.

Ter esperança é correr risco de se decepcionar.

Tentar é correr o risco de falhar.

Os riscos precisam ser enfrentados,

porque o maior fracasso da vida é não arriscar nada.

A pessoa que não arrisca nada, não faz nada,

não tem nada, não é nada.

Ela pode evitar o sofrimento e a dor,

mas não aprende, não sente, não muda, não cresce ou vive.

Presa à solidão, é uma escrava que teme a liberdade.

Apenas quem arrisca é livre.

quarta-feira, 17 de março de 2010

terça-feira, 16 de março de 2010

educação e indisciplina

A indisciplina nas escolas (vista por F. Savater)
Aumento da violência nas escolas reflecte crise de autoridade familiar

Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores.

Os participantes no encontro 'Família e Escola: um espaço de convivência', dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas.

'As crianças não encontram em casa a figura de autoridade', que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater.

'As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa', sublinhou.

Para Savater, os pais continuam 'a não querer assumir qualquer autoridade', preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos 'seja alegre' e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.

No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, 'são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os', acusa.

'O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar', sublinha.

Há professores que são 'vítimas nas mãos dos alunos'.

Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que 'ao pagar uma escola' deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão 'psicologicamente esgotados' e que se transformam 'em autênticas vítimas nas mãos dos alunos'.

A liberdade, afirma, 'exige uma componente de disciplina' que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade.

'A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara', afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, 'uma oportunidade e um privilégio'.

'Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com a disciplina', frisa Fernando Savater.

Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que 'têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos'.

'Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia', afirmou.

Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que'mais vale dar uma palmada, no momento certo'do que permitir as situações que depois se criam.

Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.

a diferença que a gota faz

quarta-feira, 10 de março de 2010

mulheres, por rui zink

«Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-se mesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança mas até a mais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça, mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos - elas quando jogam é para ganhar. E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco.»

Rui Zink, a propósito do Dia Internacional da Mulher

sábado, 6 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

amor que morre

O nosso amor morreu... Quem o diria!

Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,

Ceguinha de te ver, sem ver a conta

Do tempo que passava, que fugia!



Bem estava a sentir que ele morria...

E outro clarão, ao longe, já desponta!

Um engano que morre... e logo aponta

A luz doutra miragem fugidia...



Eu bem sei, meu Amor, que pra viver

São precisos amores, pra morrer,

E são precisos sonhos para partir.



E bem sei, meu Amor, que era preciso

Fazer do amor que parte o claro riso

De outro amor impossível que há-de vir!





Florbela Espanca

domingo, 28 de fevereiro de 2010

carl orff




Ó Fortuna




Ó Fortuna

variável

como a lua

cresces sempre

ou diminuis,

detestável vita!

joje maltratas

amanhã lisonjeias

brincas com os nossos sentidos

a miséria

o poder

fundem como gelo em ti.



Destino cruel

e vão

roda que giras

a tua natureza é preversa

a tua felicidade vã

sempre a dissipar-se

pela sombra

e em segredo

aproximas-te de mim

apresento o meu dorso nu

ao jogo da tua

preversidade.



Felicidade

e virtude

são-me agora contrárias;

afecções

e derrotas

estão sempre presentes.

Nesta hora

sem demora

pulsai as cordas

pois que o bravo, derrubado

pelo destino

chorai todos comigo.



Choro as feridas causadas pela fortuna

com olhos lacrimosos

pois, rebelde,

retoma os seus dons.

Na verdade, está escrito

que a cabeça coberta de cabelos

a maior parte das vezes

revela-se, quando a ocasião se apresenta calva.



No trono da Fortuna

sentei-me com orgulho

coroado com as flores variadas

da prosperidade.

Floresci então

feliz e abençoado

eis-me agora caído do cume

e privado de glória.



Gira roda da fortuna

eu desço e pereço

outro é levado para cima;

no cimo de tudo

senta-se o rei, no vértice:

ele que se guarde de cair!

E sob o eixo da roda lê-se:

Rainha Hécuba.



em homenagem ao ano de 1980

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

o brincador

«Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor.
Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for.
Quero brincar de manhã à noite, seja com o que for.
Quando for grande, quero ser um brincador.
Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser um médico, um engenheiro ou um professor.
Tenho mais em que pensar e muito mais que fazer.
Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais o que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador…
A mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida. E depois acrescenta, a suspirar: “é assim a vida”. Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar.
A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser brincador. Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta. Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta. Na minha sepultura, vão escrever: “Aqui jaz um brincador. Era um homem simples e dedicado, muito dado, que se levantava cedo todas as manhãs para ir brincar com as palavras.»

Álvaro Magalhães

estes são dias de estar.
estar nas salas.
estar com amigos.
estar com sono.
estar apenas.
dias de ouvir, de ler, de dormir.
de sonhar, de saber, de sentir.
dias fartos de lucidez comida com amargura.
dias de perceber que a alma ainda é menina.
dias de apetecer e fazer só porque sim.
dias de acreditar que nada mata a ternura.
dias de ser inteiro, como a criança a brincar.
dias de ser a sério, e ter saudades do mar.

magari

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

águas de março



A MINHA ESCOLHA

é o fim do caminho
é um pouco sozinho
é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a chuva chovendo, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto

É um peixe, é um gesto,
É a luz da manhã, é o corpo na cama
é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, uma febre sertã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

A ESCOLHA DELES

pau, pedra, fim, caminho
resto, toco, pouco, sozinho
caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

pois, é tão linda!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

inflexão

De repente as asas estão dormentes

De repente a cama fica grande

De repente as horas ficam lentas

De repente o corpo não tem fome

De repente os olhos são descrentes

De repente o pássaro se cala

De repente o tempo dá-nos tudo

De repente o corpo encaracola

De repente os passos são ausentes

De repente as janelas são os muros

De repente instala-se o cinzento

De repente escapam-se os futuros

moon river

domingo, 11 de outubro de 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

ode às férias

ir buscar o carro novo,
juntar 5 mulheres e uma cadela
armar a tenda 3 vezes...
estar.

arranjar horários que cubram todas as fomes
partilhar chá e assentos
ver quem vai e quem fica...
estar.

estar na primeira fila do pôr do sol
comer pêssegos
e bolas de berlim...
estar.

nadar, rir, comer, dormir,
contar, ouvir, pensar, sentir...
estar.

domingo, 12 de julho de 2009